tiger fortune in year of rabbit Dois anos após tragédia, São Sebastião (SP) tem famílias em áreas afetadas pela chuva, traumas e fé em Deus

Uma casa sem telhadotiger fortune in year of rabbit， com parte da laje destruída e paredes com marcas de água é uma das memórias da tragédia de São Sebastião， no litoral norte de São Paulo， que completa dois anos.

Na Vila Sahy， bairro mais afetado pela chuva e deslizamentos na época， o dia 19 de fevereiro é lembrado pelas mudanças do cenário， como as obras de contenção após o deslizamento， as sirenes que alertam para chuvas e o memorial que homenageia os 64 mortos.

Para a maioria， lembrar da chuva é recordar da perda de familiares， memórias e casas. Ainda assim， há quem se recuse a sair dali， acredite que é improvável uma chuva daquela dimensão se repetir e se apegue à fé em Deus para seguir a vida.

Hoje， parte dos afetados vivem em moradias construídas pelo governo. A gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) entregou 704 unidades habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) na Baleia Verde e em Maresias.

O líder comunitário Alexandre Sebastião vive na Baleia Verde há mais de 20 anos e diz que a região mais que dobrou em tamanho da população com a chegada das vítimas.

Ele considera que a área era tranquila e hoje está mais agitada. "Há uma demanda por serviços básicos. Precisamos de uma rede de esgoto que atenda o bairro inteiro. Parte do bairro tem luz clandestina e precisamos de pavimentação".

No CDHU dali， vive a aposentada Maria Soares de Souza， 71， com outros três familiares. Nas chuvas， ela perdeu o marido， o filho e a casa em que viveu por 22 anos. A filha e o genro moravam próximos à matriarca， mas não conseguiram se cadastrar juntos no programa de habitação e agora buscam uma solução com a prefeitura.

Com orçamento apertado para um aluguel， a família vive toda junta. "Eles me ajudam e eu ajudo eles. Eu fiquei muito nervosa e com muito medo de trovão e relâmpagos"， diz Maria.

Próximo a ela， vive o venezuelano Hector Andarcia， 54. Ao todo， são sete pessoas em um pequeno apartamento também da CDHU.

Eletricista， ele se machucou quando a casa dele veio abaixo e， hoje， é difícil trabalhar. Também relata que o novo bairro alaga quando chove， uma preocupação que é compartilhada por outros moradores dali.

Hector diz que， apesar do trauma， se sua casa， na Vila Sahy， não tivesse sido destruída， teria ficado na região， onde ainda há famílias em locais que foram afetados pelas chuvas.

Em 2018， um estudo realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) já apontava 21 áreas， 86 setores e cerca de 2.200 residências em risco. De acordo com o IBGE， em 2022， São Sebastião contabilizava 3.402 domicílios classificados nas regiões de risco alto e de risco médio —isto é， 6% do total de imóveis na cidade.

Agora， o instituto se prepara para entregar um novo PMRR (Plano Municipal de Redução de Risco) contratado pela prefeitura. A expectativa é que o programa seja entregue no início de março. No site， a gestão diz que， com a tragédia， novas áreas surgiram após o escorregamento de terras， que o estudo visa identificar.

Além disso， na Vila Sahy， há moradores recém-chegados nos pontos mais altos da comunidades， que vivem de aluguel， enquanto os donos das propriedades se mudaram para outras praias após o trauma ou até para moradias da CDHU.

Um deles é o vendedor de picolés Murilo Lisboa Santos， 32， que vivia em uma área mais baixa quando choveu， há dois anos. Mas， após problemas de convivência， mora há menos de um ano em uma casa próxima às obras de contenção. Ele afirma que o proprietário vive na unidade habitacional na Baleia Verde.

Ele diz que as chuvas deixaram traumas. "Esses dias， deu um apagão e voltei correndo. Mas estava tudo bem."

Próximo dali， uma mulher e seus filhos vivem uma situação parecida. Ela， que pediu para não ser identificada， teve que sair do imóvel em que vivia na vila， após o proprietário pedi-lo de volta.

Afirma ainda que a dona do imóvel desenvolveu síndrome do pânico com a chuva e， por isso， decidiu deixar a comunidade. Hoje， ela acredita que a tragédia não deve se repetir， mas， em meio a um temporal， corre para a casa da mãe.

A gestão estadual afirma que só tem gerência sobre a relação com os imóveis da CDHU， que só podem ser vendidos um ano e meio após a entrega.

No ano passado， em meio às obras， a gestão Tarcísio de Freitas anunciou a demolição de 900 casas na região， mas acabou recuando após protestos de moradores.

Uma moradia da CDHU foi oferecida para a empregada doméstica Vanessa Gomes， 28， mas ela quis ficar na vila. Quando chove， ela fica com medo， mas diz manter a fé em Deus e ficar atenta.

"Se não passa de 100 milímetros， não saímos. Não estamos sozinhos， temos um grupo de vizinhos que também fica atento. No começo [após a tragédia]， a gente desciatiger fortune in year of rabbit， mas hoje não mais."

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