Red Tiger Gaming Casino Midas Olivicultores investem para fazer azeite sustentável, mas divergem sobre certificações

A primeira extração brasileira de azeite extravirgem ainda não completou a maioridade – aconteceu há 17 anos no campo experimental da Epamig， em Maria da Fé (MG). O que se viu， desde então， foi uma explosão de novos olivicultoresRed Tiger Gaming Casino Midas， que pipocam principalmente pelas regiões Sul e Sudeste.

Não há números oficiais de abrangência nacional， mas a soma de dados dos principais estados produtores (Rio Grande do Sul， São Paulo e Minas Gerais) chega a 520 produtores.

Apesar de jovem， a olivicultura brasileira já se equipara às mais avançadas do mundo no quesito sustentabilidade – em alguns aspectos， estamos até à frente.

Dona de um olival com 170 hectares em Cachoeira do Sul (RS)， Glenda Haas， fundadora da marca Lagar H， coleciona selos ambientais. Em 2023， foi a primeira empresa do mundo， no setor， a conquistar a certificação de carbono negativo – significa que sua produção absorve e armazena mais carbono do que emite.

Por ser uma cultura perene e longeva， a olivicultura é naturalmente sustentável – não há necessidade de cortar as plantas e arar o solo para replantio， e o carbono estocado pelas plantas não se dissipa. Quando se adicionam outros fatores， como o manejo com cobertura verde， a baixa aplicação de insumos químicos e o beneficiamento em um lagar que não desperdiça recursos naturais， o balanço quanto à emissão de gases do efeito estufa é negativo.

Para comprovar a conta， Haas contratou a startup Akvo-ESG， que escrutinou as práticas da empresa， do plantio das mudas à distribuição dos azeites. "É um dos raros casos de carbono negativo que conheço"， admite Jean Carlos Budke， diretor da consultoria， que apresentou o caso no Congresso Internacional de Olivicultura， na Espanha， em 2023. "Vimos que as práticas dos produtores brasileiros estão entre as melhores do mundo. Nossos azeites têm pegada de carbono menor do que os europeus."

O azeite Lagar H conquistou mais dois selos reconhecidos internacionalmente: o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) atesta que sua planta industrial consome 39% menos energia e 31% menos água do que os lagares convencionais， enquanto o Sistema B extrapola a gestão ambiental e inclui até questões sociais e governança.

Os processos para obter as certificações são demorados e caros. Desde 2020， quando a Lagar H foi oficialmente lançada， Haas calcula que já investiu R$ 350 mil. O valor inclui a contratação das consultorias e os custos das próprias certificadoras.

"O candidato tem que ser muito organizado e ter capacidade de comprovar tudo o que foi anotado no caderno de campo"， Haas admite. Se compensa? Ela garante que sim. O mercado corporativo， responsável por cerca de 20% das vendas， é o que mais valoriza os selos ambientais – empresas adquirem azeites para presentear porque pega bem aliar suas marcas a produtos comprovadamente sustentáveis.

A pouco mais de 1h30 dali， no município gaúcho de Encruzilhada do Sul， os proprietários do Azeite Sabiá também mantêm a sustentabilidade na pauta do dia. Os 112 hectares de oliveiras e 6 hectares de vinhedos seguem o manual de boas práticas no campo e já atingiram 95% de manejo agroecológico.

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O lagar movido a energia solar foi instalado no subsolo， aproveitando o relevo do terreno， o que garante a eficiência térmica – toda a água é tratada após o uso e 100% dos resíduos industriais são reaproveitados.

Um novo equipamento， que custou R$ 150 mil， será estreado na colheita deste ano. "Logo após a extração do azeite， a massa que sobra， a sansa， vai passar pelo separador de caroços. Resta uma espécie de lama， que será encaminhada para um tanque de inox. É matéria orgânica 100% oriunda das oliveiras， que vai ser usada como adubo"， adianta Bob Vieira da Costa， proprietário da empresa.

Propriedade dos fabricantes do azeite Sabiá， no município gaúcho de Encruzilhada do Sul (RS); lagar usa energia renovável na produção - Divulgação

Ao contrário de Haas， no entanto， Costa não buscou certificações ambientais. Ele acredita que os prêmios internacionais que o azeite Sabiá vem acumulando são mais eficientes para atrair o consumidor final， que paga R$ 129 por uma garrafa de 250 ml.

"O nicho de mercado preocupado com selos ambientais ainda é muito restrito. Já os prêmios repercutem diretamente sobre as vendas."

Autor do "Guia de Azeites do Brasil"， Sandro Marques fez uma enquete junto a olivicultores， entre outubro e novembro de 2024， e constatou que a maioria concorda com o fundador da Sabiá. Um questionário sobre práticas sustentáveis foi enviado a 210 produtores， mas só 48 responderam.

"Com exceção do Lagar H， todos declararam que são sustentáveis， mas não têm como comprovar os dados. E ninguém investe na comunicação sobre essas práticas"， afirma Marques， que apresentou o trabalho na Grécia， no 6º Simpósio Internacional sobre Azeite e Saúde， realizado pela Universidade de Yale.

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O levantamento mostrou que até mesmo a certificação orgânica é uma exceção entre os olivicultores brasileiros – são apenas três marcas. Uma delas é a Olivas Vikaz， de Baependi (MG)， que produz azeite e azeitonas em conserva e pertence a João Ricardo Nogueira.

A alta incidência de fungos， o preço salgado dos insumos certificados e a falta de pesquisas direcionadas para a olivicultura orgânica， na opinião dele， impedem que mais produtores adotem o manejo orgânico. "Calculo que gastaria de 30% a 40% menos se minha lavoura fosse convencional"， afirma.

Mais conhecido do grande público， o selo de produto orgânico faz diferença na decisão de compra， na opinião de Nogueira. "O nível de confiança é maior， muita gente compra sem provar"， diz. Em compensação， itens orgânicos são percebidos como mais caros， embora nem sempre sejam. "Vendi as garrafas da última safra a R$ 85， mesmo preço cobrado pelo concorrentes brasileiros convencionais."

Especializado em planejamento e gestão estratégica no agronegócio， o engenheiro agrônomo Marcos Fava Neves acredita que， quanto maior a renda e a escolaridade do consumidor， mais valorizadas são as certificações ambientais. Mas ele concorda que， pelo menos por enquanto， outros fatores pesam mais na decisão de compra.

"Primeiro a pessoa vai analisar como o produto é feito， de que região veio， e até pode se interessar por alguns aspectos relacionados à sustentabilidade. O selo só será um critério de desempate caso ela fique entre duas marcas."

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